sábado, 4 de fevereiro de 2017

"Pensando o Cinema e Educação na Escola" - Publicação da 5º ConferênCia internaCional de Cinema de Viana

Acabou de sair a publicação da 5º ConferênCia internaCional de Cinema de Viana, confira o artigo intitulado "Pensando o Cinema e Educação na Escola".
Quem estiver interessado em fazer download o link é
Divulgue entre seus contatos.


ENCONTROS DE CINEMA
CONFERÊNCIA INTERNACIONAL 2016

A PRESENTE PUBLICAÇÃO SURGE DAS COMUNICAÇÕES APRESENTADAS NA 5ª CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE CINEMA DE VIANA. DEPOIS DA SELEÇÃO, REVISÃO POR PARES E CONSEQUENTES ADAPTAÇÕES VISA EXPANDIR AS REFLEXÕES APRESENTADAS EM DUAS TEMÁTICAS ABORDADAS NA CONFERÊNCIA: CINEMA E ESCOLA E CINEMA, ARTE, CIÊNCIA E CULTURA.

domingo, 25 de setembro de 2016

O desenho metodológico de uma pesquisa qualitativa sobre cinema e educação


Por Raquel Pacheco para  Revista LUMINA

Resumo
O desenho metodológico utilizado para a realização de uma pesquisa de campo sobre projetos de cinema e educação em Portugal e no Brasil é o tema principal a ser tratado aqui. A  pesquisa realizada teve como objetivo caracterizar como diferentes projetos de cinema e educação funcionam no seu dia-a-dia; identificar que tipo de pedagogias e metodologias são utilizados; saber o que estes projetos significam e de que forma contribuem para e com os jovens que deles participam e para sua educação enquanto sujeitos de direitos; e, por fim, perceber o papel das políticas públicas nesta área. Com o intuito de conseguirmos respostas para estas demandas, realizamos um trabalho de campo no Brasil e em Portugal, onde desenvolvemos um processo metodológico que inclui a pesquisa etnográfica através da observação participante e outros métodos relacionados à pesquisa qualitativa. E é sobre este processo metodológico que iremos falar.
Palavras-chave: cinema e educação; epistemologia; pesquisa qualitativa; jovens; estudo dos media 



Texto completo:

sábado, 24 de setembro de 2016

Solidão não rima com inclusão

Resultado de imagem para José Pacheco

Por José Pacheco para Portal Educare.pt
Nunca será de mais voltar ao assunto, para lembrar que, apesar da teoria e contra ela, a realidade diz- nos que, desde há séculos, tudo está escrito e tudo continua por concretizar. Nunca será de mais falar de inclusão. Nunca será de mais lembrar que os projetos humanos carecem de um novo sistema ético e de uma matriz axiológica clara, baseada no saber cuidar, conviver com a diversidade. 

A chamada educação inclusiva não surgiu por acaso, nem é missão exclusiva da escola. É um produto histórico de uma época e de realidades educacionais contemporâneas, uma época que requer que abandonemos muitos dos nossos estereótipos e preconceitos, que exige que se transforme a "escola estatal" em escola pública - uma escola que a todos acolha e a cada qual dê oportunidades de ser e de aprender. 
Os obstáculos que uma escola encontra, quando aspira a práticas de inclusão, são problemas de relação. As escolas carecem de espaços de convivencialidade reflexiva, de procurar compreender que pessoas são aquelas com quem partilhamos os dias, quais são as suas necessidades (educativas e outras), cuidar da pessoa do professor, para que se veja na dignidade de pessoa humana e veja outros educadores como pessoas. Sempre que um professor se assume individualmente responsável pelos atos do seu coletivo, reelabora a sua cultura pessoal e profissional... "inclui-se". Como não se transmite aquilo que se diz, mas aquilo que se é, os professores inclusos numa equipa com projeto promovem a inclusão.
Aos adeptos do pensamento único (que ainda encontro por aí...) direi ser preciso saber fazer silêncio "escutatório", fundamento do reconhecimento do outro. Que precisamos de rever a nossa necessidade de desejar o outro conforme nossa a imagem, mas respeitá-lo numa perspetiva não narcísica, ou seja, aquela que respeita o outro, o não eu, o diferente de mim, aquela que não quer catequizar ninguém, que defende a liberdade de ideias e crenças, como nos avisaria Freud. Isso também é caminho para a inclusão.
Aos cínicos (que ainda encontro por aí...) direi que, onde houver turmas de alunos enfileirados em salas-celas, não haverá inclusão. Onde houver séries de aulas assentes na crença de ser possível ensinar a todos como se de um só se tratasse, não haverá inclusão. Direi que, enquanto o professor estiver sozinho, não haverá inclusão. Insisto na necessidade da metamorfose do professor, que deve sair de si (necessidade de se conhecer); sair da sala de aula (necessidade de reconhecer o outro); sair da escola (necessidade de compreender o mundo). O ethos organizacional de uma escola depende da sua inserção social, de relações de proximidade com outros atores sociais.
Também é requisito de inclusão o reconhecimento da imprevisibilidade de que se reveste todo o ato educativo. Enquanto ato de relação, ele é único, irrepetível, impossível de prever (de planear) e de um para um (questionando abstrações como "turma" ou "grupo homogéneo"), nas dimensões cognitiva, afetiva, emocional, física, moral... As escolas que reconhecem tais requisitos estarão a caminho da inclusão.
Na solidão do professor em sala de aula não há inclusão. Nem do aluno, metade do dia enfileirado, vigiado, impedido de dialogar com o colega do lado, e a outra metade, frente a um televisor, a uma tela de computador ou de telemóvel... sozinho. A inclusão depende da solidariedade exercida em equipas educativas. Um projeto de inclusão é um ato coletivo e só tem sentido no quadro de um projeto local de desenvolvimento consubstanciado numa lógica comunitária, algo que pressupõe uma profunda transformação cultural.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Revista Teias: Cinema e Educação em Debate

ril 28, 2016
As professoras e pesquisadoras Adriana Hoffmann Fernandes e Virgínia de Oliveira Silva coordenaram a última edição da Revista Teias, v. 17, n. 44 (2016): Cinema e Educação em Debate:

"Apesar do campo [Cinema e Educação] já existir há muitos anos,
ou melhor, décadas, atualmente continuamos tentando provar que ele é importante.
Me parece que existe um vácuo entre quem está fazendo,
quem está aprendendo e a relação com o governo e com a escola.
Há uma ausência de comunicação.

(Índia Martins. Entrevista a Raquel Pacheco, 2015)
                   (fotografia: Programa Imagem em Movimento)


Este Número Temático abre um espaço importante para divulgar as pesquisas realizadas na
área de Cinema e Educação e as reflexões oriundas destas com o objetivo de ampliar o processo de comunicação de que nos fala Índia, professora da UFF, na epígrafe deste texto. Nesse movimento, a revista TEIAS busca colaborar com o processo de garantir uma maior visibilidade às pesquisas na área de Cinema e Educação – área que possui pesquisadores que a ela se dedicam há décadas, muito embora não venham encontrando com muita tranqüilidade espaço para a publicação dos resultados de seus estudos nos periódicos acadêmicos da educação. Em resistência a essa ação que limita a circulação, a divulgação e a socialização de conhecimentos tecidos ao longo dos tempos espaços de nossas práticas reflexivas, reunimos nesta edição os artigos que trazem algumas das questões pertinentes aos pesquisadores da área e que vêm sendo discutidas nas relações entre o Cinema e a Educação, em diferentes espaços de ação pedagógica e de pesquisa.
Os autores que compõem este número temático de Cinema e Educação realizam muito bem esse papel de nos apresentar, de forma consistente, por onde caminha boa parte das discussões na área. Temos nesta edição artigos que refletem sobre a questão do outro e da diferença nos filmes e na relação que os sujeitos estabelecem com o cinema em suas diversas formas de acesso; que promovem reflexões a respeito do processo formativo com o cinema; que focalizam a análise de projetos de Cinema e Educação; que refletem sobre o fazer cinematográfico; que se debruçam sobre materiais pedagógicos; e que pensam sobre a importância da preservação e da acessibilidade ao material audiovisual. Ou seja, reunimos uma gama significativa da reflexão que vem sendo tecida e que se expressa nas políticas em processo de construção sobre o cinema na escola e o debate na área. As relações com o audiovisual, com o fazer cinema e com o preservar e difundir o cinema e as questões referentes às políticas fazem parte do modo como dialogamos com os outros do cinema e pelo cinema. A diversidade com que o tema é abordado e que apresentaremos a seguir já aponta a riqueza dessa perspectiva de trabalho e de pesquisa que une Cinema e Educação. Esperamos que, com a abertura de cada vez mais espaços de reflexão e debate entre as áreas da Comunicação e da Educação, amplie-se cada vez mais esse diálogo entre os projetos, as pesquisas e as políticas nas áreas de Cinema e Educação." (as autoras) 

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Oficina de Selfie no Palácio Marquês de Pombal

Neste último sábado estivemos reunidos em uma oficina "Selfie no Palácio", promovida pela Câmara Municipal de Oeiras, através do Serviço Educativo do Palácio do Marquês de Pombal, em Oeiras.  

O objetivo desta oficina foi a criação e reflexão sobre a técnica fotográfica baseada no processo de selfie,utilizando uma metodologia que inclui a dinâmica participativa  através da exibição e discussão de imagens.
O termo selfie é derivado da palavra inglesa self, que remete a si próprio, como um pressuposto de ser uma fotografia digital, partilhada através da internet e que tem por propósito fazer um auto retrato.
Com o advento das novas tecnologias da comunicação, o uso das redes sociais e a passagem da fotografia para o processo digital,  criou-se novos paradigmas, novas formas de representação do mundo. Para além do uso de textos, a imagem assumiu o papel de comunicar sentimentos e vontades, de construção do imaginário e representações das diferentes realidades.
O sucesso e a popularidade da selfie não reside na fotografia em si, no registo da ocasião e/ou pessoa, mas sim na possibilidade de publicitá-la, compartilhá-la com outros indivíduos e de, a partir dessa premissa, narrar-se a outrem.

Criação e formação: Raquel Pacheco



segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

A Rede Media e Literacia agora tem um site novo

A Rede Media e Literacia está a crescer e por isso transformamos o nosso Blog em um Site com o blog dentro. Agora temos muito mais informações, projetos parceiros a nível internacional e nacional, propostas de formações, palestras, consultoria, artigos, notícias do blog e muito mais. Convidamos a explorar  as páginas do novo SITE Rede Media e Literacia


quinta-feira, 12 de novembro de 2015

comKids e o Festival Prix Jeunesse Iberoamericano

O comKids é uma iniciativa para a promoção e produção de conteúdos digitais, interativos e audiovisuais de qualidade para crianças e adolescentes, a partir de pressupostos de responsabilidade social, desenvolvimento cultural e economia criativa no Brasil, na América Latina e na Península Ibérica.
Com caráter articulador e por meio de parcerias, o comKids teve início em 2010, com a percepção de que o setor de mídia e cultura para a infância e para a adolescência precisava de uma iniciativa para mobilizar os variados atores envolvidos na produção eletrônica e cultural para o público infantojuvenil (profissionais, educadores, iniciativas em geral e público) em prol de conteúdos de qualidade.
Dentre as principais atividades do comKids está o Festival Prix Jeunesse Iberoamericano que inspirou para a missão de criar um ponto de encontro, premiar e debater a produção de qualidade para criança e adolescentes na região. Desde a primeira edição brasileira em 2009 (depois das três primeiras edições no Chile), o Festival tem a colaboração da versão internacional que acontece na Alemanha, este que, por sua vez, acontece há mais de 40 anos.

RadioActive 101


O Espaço J, da Lousã, emite mais um programa na RadioActive101! Será no dia 12 de Novembro (5ª feira), às 17h, que será emitido “Espaço J – quem somos nós?”, um programa que pretende mostrar ao mundo a realidade vivida no projeto Espaço J.
“Onde estamos, quem somos e o que fazemos foram as perguntas que serviram de mote a mais uma emissão da RadioActive deste projeto. Querem-nos conhecer? Então basta ouvir!”, é o convite dos jovens do Espaço J.
No dia 12, às 17h, basta “sintonizar” em http://pt.radioactive101.eu/no-ar/ ou, mais tarde, espreitar em http://pt.radioactive101.eu/category/podcast/.O primeiro programa do projeto da Lousã pode ser ouvido em podcast aqui e muitos outros aqui.
Sobre o RadioActive: O RadioActive procura desenvolver e implementar uma plataforma na internet, incorporando a ferramenta de Web 2.0, ligada a metodologias pedagógicas inovadoras a desenvolver junto de comunidades juvenis e seus contextos, com o objetivo de abordar assuntos de inclusão e cidadania ativa de uma forma original e estimulante.
O projeto iniciou-se em 2013 com o financiamento europeu do Programa de Aprendizagem ao Longo da Vida da Comissão Europeia. Em dezembro de 2014 recebeu da Rede TIC e Sociedade o Prémio Inclusão e Literacia Digital, pelos seus bons resultados em Portugal, o que permitiu a expansão do projeto a 6 novos centros em 2015.
A RadioActive101 é a rádio na internet que resulta deste projeto e conta agora com 10 centros que produzem emissões. Mais informações em http://pt.radioactive101.eu/

Nosso Sistema Educacional


segunda-feira, 9 de novembro de 2015

GRUPEM - Grupo de Pesquisa em Educação e Mídia | PUC - Rio



Grupo de pesquisa, vinculado ao Programa de Pós-graduação em Educação da PUC-Rio, certificado pelo CNPq e coordenado pela professora Rosália Duarte. Desenvolve estudos sobre as relações de crianças e jovens com as mídias. O Grupo de Pesquisa em Educação e Mídia foi fundado em 2000 e desde então vem realizando estudos sobre as relações que crianças, jovens e professores estabelecem com a mídia. Buscamos compreender os processos educativos que ocorrem nas relações dos espectadores/usuários com as diferentes mídias, em um sistema complexo que integra produtores, usuários, receptores, lógicas de produção, lógicas de recepção, indústria cultural, comunicação, cultura e política. Orienta as investigações que realizamos o interesse em compreender melhor o que os meios ensinam, o que se aprende com eles e como são construídos  conhecimentos e valores na interação de usuários-audiências com as mídias.
Todos os projetos desenvolvidos institucionalmente pelo GRUPEM receberam financiamento de agências de fomento (FAPERJ/CNPq e CAPES) e vinculados a estes foram desenvolvidos projetos de pesquisa individuais, com vistas à produção de teses, dissertações de mestrado e monografias de Iniciação Científica. A relação completa dos trabalhos realizados a partir dessas pesquisas, com os respectivos links para acesso ao texto integral dos mesmos, assim como para artigos publicados em periódicos podem ser encontrados no link PUBLICAÇÕES, neste portal.
Saiba mais em  GRUPEM

A não perder: Workshop "Media, Diversidade e Cidadania" | 21 de novembro

No dia 21 de novembro (sábado), na FCSH/NOVA (sala T 7), o workshop Media, Diversidade e Cidadania pretende capacitar estudantes de ciências da comunicação/jornalismo (1º, 2º e 3º ciclos) para o combate à discriminação da comunidade cigana. Este workshop gratuito tem a duração de 8 horas (9h-13h; 14h-18h) e aceita inscrições até dia 13 de novembro (máximo de 20 participantes). 
O grupo de dinamizadores do evento é composto por Sílvia Gomes (investigadora de pós-doutoramento, CICS.NOVA / Universidade do Minho), Nuno Silva (jurista, SOS Racismo) e Ana Cristina Pereira (jornalista, PÚBLICO). 
O workshop é organizado no âmbito do projeto "(In)formar para a Igualdade e Cidadania", financiado pelo Alto Comissariado para as Migrações, contando com as parcerias do Departamento de Ciências da Comunicação da FCSH/NOVA, do SOS Racismo, da Rede Europeia Anti-Pobreza, do Sindicato dos Jornalistas e do Gabinete de Imprensa de Guimarães. A ficha de inscrição está disponível aqui.
Entrada livre.


Saiba o que é o PNC - Plano Nacional de Cinema | Portugal


domingo, 8 de novembro de 2015

A literacia mediática da relação cinema-educação - Portal Ver.PT


Serão os projectos de cinema e educação capazes de capacitar crianças e jovens com habilidades sociais e competências culturais necessárias para que sejam cidadãos participativos nos ambientes mediáticos contemporâneos? Para que sejam letrados neste mundo global interconectado e multicultural?
POR RAQUEL PACHECO*


O interesse político da UE pela literacia cinematográfica, a nova Lei do Cinema e Audiovisual e a criação do Plano Nacional de Cinema (PNC) em Portugal, juntamente com a minha experiência de campo, contribuíram para identificar a necessidade de que fosse desenvolvida uma investigação mais profunda na área da literacia mediática, com o foco voltado para a área do cinema e educação, no País.

Realizei por isso uma investigação que nos permitiu saber que na primeira vez, na sua vida, que foram ao cinema, mais de 90% dos jovens portugueses que participaram nesta pesquisa viram um filme realizado nos EUA. Este dado mostra-nos que, para muitas gerações, principalmente as mais novas, o primeiro filme a que assistiram numa sala de projecção, quando eram pequenos, foi um filme comercial (na sua maioria de animação) norte-americano. Esta é a marca de um longo processo de colonização mundial e que possui sérios desdobramentos.

Dados como estes são os maiores impulsionadores das políticas públicas desenvolvidas no campo do cinema e educação na Europa. A sua identificação colabora para que os projectos de cinema e educação questionem se são capazes de capacitar crianças e jovens com habilidades sociais e competências culturais necessárias para que sejam cidadãos participativos nos ambientes mediáticos contemporâneos. Para que sejam letrados neste mundo global interconectado e multicultural.

O Plano Nacional de Cinema – PNC, implementado recentemente em Portugal, foi uma iniciativa importante para a área. Entretanto, e por outro lado, observamos um escasso diálogo entre o governo e os sujeitos envolvidos nesta temática. Muitas vezes foram tomadas medidas e decisões sem levar em consideração o cinema e educação enquanto uma área que existe há quase um século em Portugal.

A experiência leva-nos a reflectir que uma política pública que queira corresponder às necessidades e expectativas para as quais foi criado o PNC precisa ser amplamente debatida, a nível nacional, pelas pessoas que se interessam por esta temática. É necessário ouvir e dialogar com os responsáveis que trabalham nos projectos, estudiosos, organismos, instituições, professores, crianças e jovens, com a intenção de garantir a participação dos diferentes sujeitos envolvidos neste campo.

Em termos pedagógicos identificamos nos projectos de cinema e educação a necessidade de um trabalho de colaboração para o desenvolvimento de um pensamento crítico e para o fortalecimento da cultura popular. Acreditamos que esta iniciativa se pode dar através de diálogos sobre as questões que incomodam o educador e os educandos, de modo a desmistificar o que está velado e o que não está bem.

Uma metodologia adequada implementada por um educador consciente talvez possa vir a tirar destas crianças e jovens a marca deixada pelo primeiro filme de suas vidas: Made in USA. Não temos nada contra os filmes oriundos deste país, muito pelo contrário. Mas não podemos permitir que esta seja a única filmografia assistida pelas nossas crianças e jovens. Desta forma estaríamos a negligenciar a cinematografia e a cultura nacional. Mas por outro lado, temos de nos questionar sobre qual foi o último filme para crianças realizado em Portugal.

Analisando os hábitos dos jovens que participam nos projectos de cinema e educação, concluímos que apesar de todo o trabalho realizado nas aulas de cinema, os educandos não mudam os seus gostos em relação aos filmes a que assistem, e continuam a preferir assistir aos filmes comerciais realizados nos EUA. Este tipo de filme continua a ser o preferido da grande maioria destas crianças e jovens.

Os projectos de cinema e educação exibem e trabalham tecnicamente filmes a que os educandos não teriam oportunidade de assistir em outra ocasião. Os jovens educandos declararam que gostam dos projectos de cinema e educação, e sentem-se contentes por estarem a participar nas aulas de cinema. E, de um modo geral, dizem que vêem o cinema com mais atenção, com outros olhos, desde que começaram a participar nas oficinas de cinema proporcionadas por estes projectos.

A ausência de continuidade das políticas públicas, e por consequência dos projectos desenvolvidos nesta área, causa a impressão, a um observador que não conheça a sua história, de que este é um novo campo de actividade no País e que as iniciativas que são implementadas nos dias de hoje são uma grande novidade. Em parte podemos atribuir esta situação à falta de valorização da cultura nacional, principalmente por parte dos governos, que não dão continuidade às boas iniciativas e políticas públicas que são desenvolvidas neste âmbito.

Realizámos um trabalho de sistematização da história da relação entre cinema e educação e concluímos que estamos a andar em círculos, a construir, desconstruir, e a voltar a construir, sem aprendermos com as experiências vivenciadas e a pensarmos que estamos sempre a inventar a roda, sendo que esta já foi inventada há quase um século (neste caso concreto do cinema e educação).

A escassez de recursos e de reconhecimento em relação a esta área contribui para a desunião dos seus pares e o trabalho solitário, o que não propicia a troca de conhecimentos e experiências, acarretando uma constante desarticulação por parte dos envolvidos e protagonistas desta área, para além de uma competição silenciosa, que poderia e deveria ser transformada em colaboração e cooperação entre si. 

* Raquel Pacheco é doutorada em Ciências da Comunicação e autora do livro “Jovens, Media e Estereótipos. Diário de Campo Numa Escola Dita Problemática” (Livros Horizontes, 2009) e de diversos artigos científicos. Coordena e é educadora no projecto de cinema e educação Media e Literacia, colabora no projecto Dream Teens - FMH e é membro do Interdisciplinary Centre of Social Sciences (CICS-NOVA)

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Nos Caminhos da Infância - Pensar em Educação com o Cinema | 6 e 7 de Novembro



O Ciclo de Cinema "Nos Caminhos da Infância" continua já na próxima sexta-feira e sábado (6 e 7 de Novembro), no CAM, Fundação Calouste Gulbenkian.

Depois de um primeiro fim-de-semana muito participado, com as sessões de projecção e mesa redonda a levantarem importantes questões sobre o cinema, a infância e a educação, esperamos poder contar com a vossa participação neste segundo fim-de-semana.

O Cinema na Escola - Para quê? 

O mote é lançado nesta segunda parte do ciclo, com filmes e conversas para reflectir sobre pedagogia e caminhos da infância e sobre a importância do cinema na escola (e na vida). Esta é também a proposta de discussão para uma mesa redonda composta por Pierre Léon, Bernard Eisenschitz, Manuela Barros Ferreira e Cláudio Torres com a participação da equipa de Os Filhos de Lumiére, da Fundação Lucinda Atalaia e da Fundação Gulbenkian.

Do painel de convidados faz também parte José Manuel Costa, que estará presente durante a tarde de sábado para dialogar sobre "Diario de um Professor" de Vittorio de Seta, com Bernard Eisenchitz e todos os presentes.

Todas as projecções conversa, assim como a mesa redonda, são acompanhadas de tradução simultânea.

O programa completo para a segunda metade do ciclo, é o seguinte:

Dia 6 de Novembro, sexta-feira

21h00 | Sessão de cinema
Путёвка в жизнь (O Caminho da Vida)
de Nikolai Ekk Rússia/1931/105’
com a presença de Pierre Léon, Manuela Barros Ferreira e Cláudio Torres
Dia 7 de Novembro, sábado

10h30-12h30 | Mesa redonda
com Pierre Léon, Bernard Eisenschitz, Manuela Barros Ferreira e Cláudio Torres

15h00 | Sessão de cinema
Diario di un Maestro I (Diário de um Professor)
de Vittorio de Seta Itália/1973/136’
com a presença de Bernard Eisenschitz e José Manuel Costa
18h30 | Sessão de cinema
Diario di un Maestro II (Diário de um Professor)
de Vittorio de Seta Itália/1973/134’
com a presença de Bernard Eisenschitz e José Manuel Costa